Tributo a um idealista
Certo dia chegou a Marília um jovem médico que iniciava sua vida profissional e também conjugal.
O casal poderia fixar residência em qualquer bairro nobre da cidade, mas preferiu começar a vida em um bairro popular da zona sul de Marília.
A vila na época era distante de tudo e carecia dos bens básicos de que o ser humano necessita: saúde e educação.
Invertendo a frase do saudoso Cazuza, aquele casal não frequentava festas do “Grand Monde”.
O casal tinha a ideologia de um mundo mais justo, igualitário.
Esse interesse em ajudar foi praticado por ambos: ele na arte de clinicar agindo pacientemente conquistou o coração daquelas pessoas que, pela primeira vez, tinham um amigo médico ao lado de suas casas; ela, com sua arte de ensinar, alfabetizou, semeando conhecimento à base de uma educação como direito de todos.
Lembro-me de algumas manifestações populares, até então nunca vistas na cidade de Marília.
“O povo unido jamais será vencido!”
“Ei, ei, ei, Sydney é nosso rei!”
É, companheiro! Era sim que você nos chamava.
Sabe, doutor Sydney, penso que o parlamento mariliense amanheceu cinzento, frio, triste e menos politizado.
Os dias vêm chorando, prenunciando sua partida.
Carmen, eterna companheira, você soube com galhardia, ternura e alegria desempenhar seu papel de mulher compromissada, assim como o doutor Sydney, em transformar o mundo. Mesmo que fosse um pedacinho desse mundo chamado Marília.
Esse legado é indiscutível, ele está aqui visível e palpável.
Com a certeza, Carmen, de que a luta continua.
Cido de Almeida
MTB 46107/SP