Ex-secretário Nelsinho é encontrado em São Paulo e irá depor na CPI

por Norton Emerson publicado 13/12/2017 16h20, última modificação 13/12/2017 16h20
Outro ex-secretário, Sérgio Moretti, afirmou que ex-prefeito, Vinícius Camarinha, sabia e concordava com o não pagamento do Ipremm

O ex-secretário da Fazenda de Marília, Nelson Virgílio Granciéri, protocolou nesta quarta-feira, 13, na Câmara Municipal, uma carta de esclarecimento, junto com um pedido de adiamento de seu depoimento à CPI que investiga o rombo financeiro do Instituto de Previdência do Município de Marília (Ipremm).

Na carta, Nelsinho informa que tomou conhecimento de sua intimação através da publicação no Diário Oficial de Marília.

O ex-secretário solicita em “caráter excepcional” a mudança de data de seu depoimento, em virtude de estar trabalhando como vendedor, na cidade de São Paulo, capital, e não ter conseguido a “liberação” para comparecer à CPI, nesta quinta-feira, 14.

Nelson Virgílio Granciéri informa ainda que nos meses de janeiro e fevereiro de 2018, estará à disposição, todas às sextas-feiras, para vir à cidade e prestar os devidos esclarecimentos.

A CPI irá definir uma nova data para a oitiva de Nelsinho, após ouvir o atual secretário da Fazenda, Levi Gomes, amanhã, 14, a partir das 14 horas na sala Nasib Cury.

Na tarde de hoje a CPI ouviu o ex-secretário Sérgio Moretti, que exerceu o cargo entre 21 de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2016, durante a gestão de Vinícius Camarinha como prefeito.

Moretti disse aos membros da comissão que quando assumiu a Fazenda “ a dívida com o Ipremm era de R$ 38, 5 milhões”.

O ex-secretário disse também que, em maio de 2013, foi feito um novo parcelamento de R$ 63 milhões para ser pago em 240 meses (20 anos).

Moretti atribuiu a falta de repasses e pagamento ao Ipremm, à crise financeira do país.

“A Recessão que assolou o país foi a principal causa do não pagamento da prefeitura ao Ipremm. A partir de junho de 2014 a receita caiu muito e mal dava para pagar as contas essenciais para que a prefeitura continuasse funcionando”, disse.

Ainda segundo o ex-secretário “com a crise econômica do país, a receita do município diminuiu muito e a demanda de serviços da cidade aumentou”.

Sérgio Moretti declarou que era ele quem definia a prioridade dos pagamentos - ou não pagamento - mas que havia a anuência do ex-prefeito, Vinícius Camarinha.

“Tudo que passava pela Fazenda era de conhecimento do ex-prefeito, que concordava com nossas decisões”, explicou.

Questionado pelos membros da CPI, por qual motivo a prefeitura não respondia os ofícios enviados pela presidência do Ipremm, o ex-secretário da Fazenda alegou que registrava no ofício o seu parecer e, em seguida, o enviava para o gabinete.

“Quem tem o dever de enviar uma resposta ao Ipremm é o gabinete (prefeito). O que foi feito ou deixaram de fazer com estes pareceres e ofícios, não sei dizer”.

O relator da CPI, vereador José Luiz Queiroz (PSDB), fez uma análise sobre os trabalhos da comissão.

“Com base na documentação e nas oitivas, a gente já começa a direcionar o relatório final e pelo que a gente percebe, o grande problema do Ipremm é a falta de repasses, tanto da parte patronal, dos servidores e de aportes, da prefeitura para o instituto. Isso vem acontecendo há muitos anos, desde 1995, pelo menos. Houve alguns períodos de regularidade, mas o problema é que, ao longo do tempo, a dívida existente virou uma bola de neve. A CPI vai poder montar todo este histórico, com todo o caminho percorrido pela dívida, que hoje representa quase R$ 200 milhões. Também acho fundamental, que os ex-prefeitos sejam ouvidos. Até porque, a responsabilidade final é do prefeito municipal”, disse o relator.

A CPI volta a se reunir nesta quinta-feira, 14, na sala Nasib Cury, a partir das 14 horas para a oitiva do secretário da Fazenda, Levi Gomes.