Nelsinho dispara: “Quem diz não saber de nada é hipócrita”

por Norton Emerson publicado 26/01/2018 16h06, última modificação 26/01/2018 16h06
Declaração faz referência ao depoimento do ex-prefeito, Vinícius Camarinha (PSB), que alegou desconhecimento sobre inadimplência da prefeitura com o Ipremm durante seu governo

O terceiro dia consecutivo de oitivas, desta semana, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apura rombo financeiro no Instituto de Previdência de Marília (Ipremm), terminou com o depoimento do ex-secretário da fazenda, Nelson Virgílio Granciéri, o Nelsinho.

Durante uma hora e meia, Nelsinho respondeu às perguntas dos integrantes da CPI e argumentou que toda a inadimplência com o Ipremm, no período em que exerceu o cargo de secretário da fazenda, foi devido ao déficit financeiro do município.

Nelsinho exerceu o cargo de julho de 2008 a dezembro de 2011, período em que também era o chefe de gabinete.

“Quando assumi a fazenda o déficit financeiro da prefeitura era de R$ 80 milhões e outros R$ 10 milhões de dívidas, sem empenho, deixados pela administração anterior”.

Granciéri também disse que, à época, a receita própria mensal do município era, em média, de R$ 6 milhões e que a receita vinculada era de R$ 20 milhões, ao mês.

Durante todo o depoimento Nelson Granciéri fez questão de deixar claro que a decisão final sobre todos os pagamentos era do chefe do executivo.

“Teve gente que disse aqui, que a culpa era do secretário da fazenda e que não sabia de nada. Isso é hipocrisia porque a palavra final é sempre do prefeito. É ele quem decide e quem manda pagar ou não pagar. O prefeito sabe de tudo e de toda a situação financeira da prefeitura e do Ipremm”, disparou.

O ex-secretário declarou que, a exemplo de outras administrações, o governo Bulgarelli também elegeu prioridades, para pagamentos.

“Nossas prioridades eram com a folha de pagamento dos servidores, o duodécimo da Câmara, o pagamento à Codemar, aos hospitais, o pagamento de cesta básica, a subvenção à associação dos servidores para a Unimed, entre outros. Não dava para pagar tudo”.

Nelsinho disse ainda que devido ao “caixa” do Ipremm, o instituto deixou de ser tratado como prioridade.

“O Ipremm tinha caixa para fazer os pagamentos, independente dos nossos repasses, por isso, optávamos por cobrir outros serviços essenciais para o município”.

Perguntado se houve reuniões com a diretoria do instituto de previdência para tratar do rombo financeiro o ex-secretário disse ter participado de várias, mas que não havia uma solução para o problema.

Nelsinho disse ainda que, devido à falta de alternativa, durante uma dessas reuniões, foi decidido elaborar e encaminhar um Projeto de Lei à Câmara, solicitando o parcelamento da dívida com o Ipremm.

Sobre quem dava a ordem para o Ipremm utilizar o Fundo Previdenciário para realizar o pagamento dos aposentados, o ex-secretário foi enfático.

“Sempre o prefeito. Ele quem determinava. Ele quem decidia”.

Granciéri também fez questão de afirmar que algumas medidas econômicas foram adotadas pelo governo municipal para diminuir despesas.

“Uma das medidas foi a implantação do Diário Oficial do Município (DOM), para as publicações da prefeitura. Com isso, economizamos entre R$ 150 mil e R$ 200 mil por mês, que antes, eram gastos com jornais da cidade”.

Os membros da CPI questionaram se Nelsinho sabia das implicações jurídicas que a inadimplência e a falta de repasses das contribuições dos segurados, poderiam provocar.

“Sabíamos de tudo. Eu, prefeito, secretários, presidente do Ipremm, todos. Porém, não havia alternativa. Não havia recursos para o pagamento”, finalizou Nelson Granciéri.

As oitivas da CPI devem terminar no próximo dia 2 de fevereiro, quando deverão prestar depoimento, o ex-prefeito Mário Bulgarelli (PHS) e o atual prefeito, Daniel Alonso (PSDB).