Biblioteca da Câmara abre exposição que mostra trajetória da capoeira e recebe visita de mestre internacional
Mestres Oriazambi e Pereira com Danilo da Saúde conhecem a exposição que mostra trajetória e desenvolvimento da capoeira (Fotos: Wilson Ruiz)
A Biblioteca da Câmara “Rangel Pietraroia” abre nesta quinta-feira, dia 24, a exposição “Memória e movimento: a trajetória da capoeira em Marília”. A entrada é gratuita e aqueles que comparecerem “vão poder sentir a energia de cada roda”. Mesmo antes da abertura oficial, a exposição recebeu dois visitantes ilustres, que vêm contribuindo para o desenvolvimento desta arte marcial brasileira: Edvaldo Pereira dos Santos, o Mestre Pereira, e Carlos Tavares, o internacional Mestre Oriazambi.
A história da capoeira em Marília é retratada na exposição por meio dos relatos dos grupos e mestres que desde a década de 80 formam campeões e promovem a cidadania. Ocorre em julho porque neste mês, no dia 5, é lembrado o Dia Internacional da Capoeira, e é baseada em entrevistas e textos enviados por grupos de capoeira da cidade. Além de ser um convite a explorar a jornada da capoeira no Brasil e dos mestres em Marília, busca fortalecer a cultura e dar visibilidade a esta arte ancestral.
Na última terça-feira, dia 22, o presidente da Câmara, o vereador Danilo Bigeschi, o Danilo da Saúde (PSDB), e os Mestres Pereira e Oriazambi foram conferir a exposição e elogiaram a iniciativa. “A exposição está belíssima e por meio dela é possível aprender um pouco mais sobre a história e a trajetória da capoeira e dos grupos de Marília. A capoeira é um instrumento de transformação, de resgate, valorização e resistência cultural, que transmite valores como respeito e disciplina. Convido todos a prestigiarem”, destaca o presidente do Legislativo, que é praticante da capoeira.
Para o Mestre Oriazambi, que nasceu em Angola, na África, e atualmente está na França, esta troca de informação é fundamental para aumentar o conhecimento sobre a capoeira e abrir oportunidades de parcerias. “Esse intercâmbio tem vários aspectos, dança, teatro, a língua portuguesa, a educação, cultura e história. Como sabemos a capoeira é brasileira, gerada no Brasil, mas com origens africanas. A capoeira que transmito nos projetos que desenvolvo é a brasileira e sempre aconselho aqueles que a praticam vir ao Brasil, na ‘mãe’, para sentir qual é a diferença estando aqui. Da mesma forma, que os brasileiros visitem a África e vejam como é na nossa cultura. Assim, podemos nos entender melhor para fazermos um trabalho direcionado com a capoeira. Agradeço a recepção e à Câmara. Marília é uma cidade maravilhosa e espero que mais parcerias surjam para que as coisas aconteçam”.
O Mestre Pereira, que colaborou com a exposição com fotos e relatos, destaca que a capoeira rompeu com vínculos e exerceu uma função de liberdade para os africanos durante os tempos coloniais e imperiais no Brasil. “A capoeira é uma luta por trás de uma dança, um símbolo de resistência. Essa foi a estratégia usada, já que se ela fosse apresentada como uma luta, não seria bem recebida. Com os movimentos do corpo, eles foram rompendo vínculos e a capoeira ganhou uma forte função de liberdade. No último fim de semana, tivemos o Encontro dos Mestres e essa troca de conhecimento é muito valiosa, já que conseguimos entender um pouco da cultura de cada região. Contamos com a participação de oito mestres de diferentes localidades, que trouxeram suas experiências, além da presença do Mestre Oriazambi, que desenvolve projetos em mais de cinco países, trabalhando com crianças e jovens por meio da capoeira. Conheci ele em Genebra, na Suíça, e nos tornamos amigos. Somos irmãos de capoeira”.
A exposição “Memória e movimento: a trajetória da capoeira em Marília” estará aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, até o dia 22 de agosto. A Biblioteca da Câmara “Rangel Pietraroia” fica na avenida Carlos Gomes, 213.